YouTube amplia uso de IA para verificação de idade
26 de Setembro de 2025

O YouTube ampliou o uso de inteligência artificial (IA) para estimar a idade dos usuários, bloqueando vídeos destinados a maiores de 18 anos e exigindo comprovação documental para acesso irrestrito.

A iniciativa levantou preocupações relacionadas à privacidade, especialmente pelo envolvimento de dados sensíveis e imagens faciais na validação.

De acordo com o YouTube, a IA analisa o comportamento do usuário para estimar a idade e, com base nessa avaliação, ajusta automaticamente configurações de privacidade e anúncios para proteger menores.

Desde que o sistema foi ampliado, a plataforma vem restringindo o acesso de contas consideradas pertencentes a usuários abaixo de 18 anos, principalmente nos EUA e Europa.

Até o momento, não há registros de bloqueios semelhantes no Brasil.

A tecnologia utiliza diversos sinais para fazer essa estimativa, como o histórico de vídeos assistidos, a idade informada no cadastro e o tempo de atividade da conta.

Caso a IA classifique o perfil como de um menor, o acesso a vídeos com restrição de idade é bloqueado e o usuário deve enviar documentos, incluindo, em alguns casos, selfie e dados de cartão de crédito, para comprovar sua maioridade.

Essa coleta de dados sensíveis tem gerado intenso debate entre especialistas em privacidade.

Desde julho, quando a verificação começou a ser testada, profissionais questionam a falta de transparência sobre o armazenamento e a proteção dessas informações diante do risco de vazamentos.

Como funciona a verificação por IA?

Anunciada em julho e inicialmente testada na Europa, a tecnologia chegou aos Estados Unidos em agosto, surpreendendo muitos usuários.

No Reddit, são frequentes relatos e capturas de tela do pop-up exibido pelo YouTube, que informa: “Não conseguimos verificar se você é um adulto”.

Após a notificação, o usuário pode optar por continuar com a conta restrita ou iniciar o processo de verificação.

O sistema utiliza, além da data de nascimento fornecida, “sinais” como o tipo de conteúdo consumido e a longevidade da conta para definir se o usuário é menor de 18 anos.

Caso positivo, diversas limitações são aplicadas automaticamente:

- Bloqueio de vídeos com restrição de idade;
- Ajuste das recomendações para evitar conteúdo “potencialmente problemático”;
- Desativação da personalização de anúncios;
- Ativação padrão de ferramentas de bem-estar digital, como lembretes para "fazer uma pausa";
- Definição de uploads de novos vídeos como privados por padrão.

O YouTube justifica que essas medidas são necessárias para proteger o público jovem.

Entretanto, a IA pode sinalizar erroneamente adultos que consomem conteúdo infantil, como desenhos ou vídeos de jogos, gerando restrições indevidas.

Além disso, o Google reconhece que a regra pode impactar criadores de conteúdo.

Segundo um comunicado na página de suporte do YouTube, a mudança “pode resultar em redução na receita de anúncios”, já que apenas anúncios não personalizados serão exibidos para usuários menores de idade.

Polêmica na coleta de dados

A exigência de dados sensíveis para retirar as restrições vem provocando debates desde seu anúncio.

Em resposta à Ars Technica, o YouTube afirmou em julho que “não retém dados de identidade ou cartão de pagamento para fins de publicidade”.

Por outro lado, David Greene, diretor de liberdades civis da Electronic Frontier Foundation (EFF), classificou todos os métodos de apelação como problemáticos.

Segundo ele, a coleta de dados biométricos, como selfies, é “ruim, assustadora e inibidora” para usuários que precisam manter anonimato, como dissidentes políticos e vítimas de abuso.

Suzanne Bernstein, advogada do Electronic Privacy Information Center (EPIC), reforça a desconfiança, afirmando que é “difícil confiar nas promessas das empresas” sobre o uso restrito desses dados, que podem ser utilizados para aprimorar perfis ou vendidos a terceiros.

Contexto regulatório

Essa obrigação de verificação de idade e identidade é pauta em diversas redes sociais, incluindo Instagram e X (antigo Twitter), defendida por grupos que pedem maior responsabilização por atos online.

No Brasil, o debate sobre a permissão para exigir documentos e dados biométricos nas redes sociais está presente na discussão do PL das Fake News (PL 2630/2020), que trata da regulação das plataformas digitais.

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