Durante uma aula de educação física, Laila Gutierrez trocou a automutilação por um novo hábito.
A estudante do primeiro ano, natural de Phoenix, já enfrentava há tempos a depressão e costumava cortar os braços para sentir qualquer tipo de sensação.
O primeiro trago em um vape emprestado de uma amiga, anos atrás, deu à adolescente tímida uma nova forma de fuga.
Laila largou a automutilação, mas passou a depender da nicotina.
A tristeza se agravou após a morte do tio, e ela sentia que não podia buscar conforto nos pais, que também estavam de luto.
Pedir vapes com sabores frutados na escola tornou-se rotina.
“Eu pedia para os amigos que tinham: ‘Estou passando por muita coisa, posso usar?’”, contou Laila, hoje com 18 anos, em entrevista ao The 74.
“Ou então: ‘Reprovei no teste e acho que fumar é melhor do que cortar os pulsos.’” Isso funcionou até que ela fosse pega.
Assim como estudantes em todo o país, Laila passou a participar de uma guerra alimentada pela nicotina envolvendo fabricantes de vape — incluindo uma empresa que utilizou anúncios em sites como Nickelodeon e Cartoon Network para atrair crianças aos cigarros eletrônicos — e educadores, que passaram a usar ferramentas digitais de monitoramento e punições para tentar conter os usuários mais jovens.
Ela foi suspensa por uma semana após ser flagrada usando vape no banheiro da escola, durante o intervalo do almoço.
Uma investigação aprofundada do The 74 revela que adolescentes viciados em nicotina, que muitas vezes começam a usar vape por pressão social ou, como Laila, para lidar com dificuldades emocionais, são rotineiramente expulsos da escola, em vez de receberem apoio efetivo para se afastar do tabaco e largar seus dispositivos.
Entrevistas com uma dúzia de estudantes do ensino médio e recém-formados de várias regiões do país mostram como o vaping se tornou onipresente no ambiente escolar.
Esses dispositivos alimentados por bateria ultrapassaram o vício: determinam o status social dos jovens, suas amizades e suas estratégias de enfrentamento, anos antes de completarem 21 anos, a idade legal para compra.
“Na minha escola, o vaping começa porque você quer fazer parte da turma popular, ser convidado para festas, sentir que pertence a uma comunidade”, afirmou Ayaan Moledina, de 16 anos, de Austin, Texas.
“E você começa a fazer isso porque sofre pressão para entrar nessa.” Ayaan não usa vape e, por isso, acabou sendo excluído socialmente.
Documentos públicos obtidos pelo The 74, referentes a um programa-piloto com detectores de vape nas escolas públicas de Minneapolis, oferecem uma visão inédita da gravidade do problema e dos esforços dos educadores para contê-lo.
O principal campo de batalha contra o vaping nas escolas é o banheiro.
Como em gerações anteriores, os adolescentes se escondem ali para socializar e fumar, mas, como os vapes permitem consumir nicotina de forma mais discreta do que cigarros tradicionais, as autoridades escolares também recorrem a avanços tecnológicos para monitorar e evitar o uso.
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