Em uma reviravolta importante, um hacker conseguiu recuperar dados armazenados na unidade do Autopilot de um Tesla envolvido em um acidente fatal ocorrido em 2019 na Flórida.
Inicialmente, a Tesla afirmou que não possuía essas informações em seus servidores, mas a extração realizada pelo hacker revelou detalhes cruciais da colisão, que foram usados como prova num processo judicial contra a montadora.
O acidente envolveu uma batida com um carro parado e duas pessoas que estavam fora do veículo, resultando em uma morte e em um sobrevivente gravemente ferido.
No momento do impacto, o motorista do Tesla tentava pegar um celular que havia caído no assoalho do carro.
Segundo documentos do processo, os dados foram gravados pela unidade de controle do Autopilot e enviados automaticamente para os servidores da Tesla logo após o acidente.
O sistema então recebeu um comando para apagar os dados locais — um procedimento padrão da montadora.
No entanto, a Tesla declarou não ter conseguido localizar essas informações em seus servidores.
Durante as investigações, policiais entregaram duas unidades de controle do Tesla a um centro de serviço da própria empresa.
Um funcionário tentou extrair os dados da mídia em outro veículo, mas afirmou que estavam corrompidos.
Ele também conectou a unidade do Autopilot, ato que havia negado inicialmente.
Um engenheiro forense que acompanhou o caso destacou que esse procedimento pode ter desencadeado processos automáticos que alteraram os dados.
Reconhecendo inconsistências, a Tesla retirou o testemunho desse técnico.
Após anos de tentativas frustradas, em 2024 os advogados das vítimas recorreram a um hacker conhecido como “greentheonly”, figura famosa por recuperar informações de carros da Tesla envolvidos em acidentes.
Diferentemente da proposta da empresa, que sugeriu ligar a unidade do Autopilot para tentar acessar os dados, o hacker rejeitou essa abordagem, afirmando que seria um método para destruir evidências.
Com uma cópia forense da unidade e um laptop, o profissional extraiu os dados em poucos minutos — enquanto tomava café com os advogados.
As informações confirmaram a transmissão inicial para os servidores da Tesla e permitiram a reconstrução do acidente.
O vídeo da simulação mostrou que o Tesla tentou desviar, mas planejou uma rota errada, seguindo em frente em uma interseção em T, quando deveria ter virado à esquerda ou à direita.
Para os advogados, isso indica que o sistema de direção autônoma falhou ao não reconhecer o fim da pista.
O júri responsabilizou a Tesla por 33% do acidente e condenou a empresa a pagar uma indenização de US$ 243 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão).
A montadora anunciou que pretende recorrer da decisão, alegando “irregularidades no julgamento”.
Além disso, a sentença já vem sendo utilizada em um novo processo, no qual um acionista acusa a Tesla de fraude ao promover sua tecnologia de direção autônoma.
Esse caso, que ganhou destaque em reportagem exclusiva do jornal The Washington Post na sexta-feira (29/08), levanta discussões sobre os limites e desafios das tecnologias de condução assistida, além da responsabilidade das montadoras em acidentes envolvendo sistemas automatizados.
                
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