Satélites Vazam Segredos Globais e Ameaçam Segurança Mundial
29 de Outubro de 2025

Satélites transmitem dados para a Terra constantemente, em todas as direções.

Por isso, seria natural supor que essas comunicações via radiofrequência originadas do espaço fossem criptografadas, evitando que qualquer pessoa com uma antena parabólica consiga interceptar o enorme volume de informações confidenciais irradiadas do céu.

No entanto, essa suposição está, surpreendentemente, muito distante da realidade.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) e da Universidade de Maryland revelou, em um estudo divulgado hoje, que cerca de metade dos sinais de satélites geoestacionários – muitos deles transportando dados sensíveis de consumidores, empresas e órgãos governamentais – permanecem totalmente vulneráveis à interceptação.

Durante três anos, o grupo utilizou um receptor de satélite comercial, ao custo aproximado de 800 dólares, instalado no telhado de um prédio universitário no bairro costeiro de La Jolla, em San Diego.

A partir dessa estação, os pesquisadores captaram as comunicações de satélites geoestacionários na estreita faixa do espectro visível da sua região, no sul da Califórnia.

Bastou apontar a antena para diferentes satélites e dedicar meses para decifrar os sinais obscuros – porém não protegidos – para que conseguissem montar um conjunto alarmante de dados privados.

Entre as informações obtidas estão amostras de chamadas e mensagens de texto de usuários da rede celular T-Mobile, dados de navegação via Wi-Fi durante voos comerciais, comunicações de infraestrutura crítica como concessionárias de energia elétrica e plataformas offshore de petróleo e gás, além da troca de informações entre forças militares e policiais dos Estados Unidos e do México, que revelavam localizações de pessoal, equipamentos e instalações.

“Ficamos completamente chocados. Grande parte da nossa infraestrutura crítica depende desse ecossistema de satélites, e nossa suspeita inicial era que tudo isso estaria protegido por criptografia”, afirma Aaron Schulman, professor da UCSD e co-líder da pesquisa.

“Mas, repetidamente, sempre que descobríamos algo novo, não havia qualquer proteção.”

O artigo da equipe, que será apresentado esta semana em uma conferência da Association for Computing Machinery (ACM) em Taiwan, recebeu o título “Don’t Look Up” – referência ao filme homônimo de 2021 e também uma crítica à suposta estratégia de segurança do sistema global de comunicações via satélite.

“Parece que assumiram que ninguém jamais faria uma varredura para verificar o que estava sendo transmitido por esses satélites.

Essa era a forma deles de segurança”, explica Schulman.

“Eles simplesmente não acreditavam que alguém ‘olharia para cima’.”

Os pesquisadores afirmam ter passado quase um ano alertando empresas e órgãos cujos dados sensíveis foram expostos nessas comunicações via satélite.

A maioria, incluindo a T-Mobile, agiu rapidamente para criptografar e proteger as transmissões.

Entretanto, alguns responsáveis por infraestrutura crítica nos EUA, notificados recentemente e que preferiram não se identificar, ainda não implementaram a criptografia em seus sistemas baseados em satélite.

Embora a comunidade já tenha sido alertada sobre os riscos de vigilância em conexões via satélite não criptografadas, a amplitude e o impacto dos novos achados são inéditos, revelando uma vulnerabilidade que pode afetar diversos setores, da telecomunicação à defesa nacional.

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