Na semana passada, a notícia da aquisição da Dominion Voting Systems por Scott Leiendecker, fundador e CEO da Knowink — empresa do Missouri especializada em electronic poll books — gerou dúvidas entre ativistas pela integridade eleitoral sobre o impacto dessa mudança para os eleitores e para a segurança das eleições nos Estados Unidos.
Leiendecker, ex-diretor de eleições e operador do Partido Republicano no Missouri antes de criar a Knowink, anunciou em comunicado que irá renomear a Dominion, cujas sedes ficam no Canadá e nos EUA, para Liberty Vote.
Segundo ele, essa é uma “ação ousada e histórica para transformar e melhorar a integridade das eleições na América”, além de afastar a empresa das falsas alegações feitas pelo ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores, que acusavam a companhia de fraude na eleição presidencial de 2020 para favorecer Joe Biden.
O comunicado afirma que a Liberty Vote será 100% de propriedade americana, terá foco em paper ballots — cédulas de papel marcadas manualmente —, priorizará auditorias independentes por terceiros e se comprometerá com o desenvolvimento de software e a contratação de pessoal dentro do país.
No entanto, não foram divulgados detalhes mais precisos sobre a forma prática da implementação dessas mudanças.
A Dominion é a segunda maior fornecedora de máquinas de votação nos EUA, com sistemas usados em 27 estados, incluindo o estado da Geórgia em sua totalidade.
Seu software vem sendo desenvolvido há cerca de 20 anos no Canadá e em Belgrado, na Sérvia.
Uma busca no LinkedIn mostra que diversos programadores e profissionais na Sérvia trabalham para a empresa.
O comunicado da Liberty não esclarece se haverá reescrita do código desenvolvido por esses profissionais estrangeiros — o que envolveria modificar centenas de milhares de linhas —, nem se os desenvolvedores estrangeiros serão transferidos para os EUA ou substituídos por programadores americanos.
A Dominion mantém sua sede americana no Colorado.
Uma fonte da Liberty, que preferiu não se identificar, disse à revista WIRED que Leiendecker “está comprometido com 100% de contratação e desenvolvimento doméstico”.
Por outro lado, uma fonte não identificada revelou à CNN que a Liberty planeja manter operações no Canadá, onde suas máquinas são utilizadas em todo o país.
Philip Stark, professor de estatística da UC Berkeley e veterano defensor da integridade eleitoral, afirmou à WIRED que a garantia sobre o uso exclusivo de profissionais americanos é “uma cortina de fumaça”.
Segundo ele, “se a alegação é que isso aumenta a segurança, não é verdade, porque programadores baseados nos EUA também podem ter interesse em comprometer ou alterar a integridade das eleições”.
Sobre as auditorias independentes mencionadas no comunicado, um representante da Liberty disse à WIRED que a empresa pretende realizar uma “revisão externa, completa e independente do software e dos equipamentos da Dominion em tempo hábil”.
Além disso, garantirá colaboração próxima com agências federais e estaduais de certificação, reportando qualquer vulnerabilidade identificada para reforçar a confiança dos eleitores nas máquinas e nos resultados.
Ainda não foi informado quando essa revisão ocorrerá, mas um porta-voz da Liberty disse ao site Axios que ela será realizada antes das eleições intermediárias do próximo ano.
Segundo ele, a empresa está preparada para “reconstruir ou descontinuar” máquinas conforme necessário.
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