Discussões sobre os perigos e riscos do uso da tecnologia estão sempre sendo debatidos, especialmente quando utilizadas na aplicação da lei.
E um episódio que ocorreu no Texas, EUA, destaca a importância de muito cuidado.
Um homem, identificado como Harvey Murphy Jr., está processando a Macy’s, após ter sido preso em decorrência de um reconhecimento facial que o identificou indevidamente como um criminoso.
Harvey Murphy Jr, de 61 anos, alega ter sofrido agressões enquanto estava preso.
Ele afirma ter sido agredido e estuprado durante o tempo que permaneceu na prisão.
Harvey foi detido após acusações de que, armado, rendeu funcionários de uma loja de um shopping center em Houston.
Um funcionário de uma loja da Macy’s, próxima ao local do crime, foi às autoridades informando que o sistema de reconhecimento facial da loja poderia identificar o ladrão.
O sistema da empresa vasculhou imagens de câmeras de segurança e então procurou o criminoso com base em um banco de dados.
As “provas”, naquele momento, apontavam Murphy como o agressor.
Ele acabou preso por essa “prova”.
No entanto, os advogados de Harvey Murphy argumentam que seu cliente, na época em que o crime foi cometido, em janeiro de 2022, estava morando em Sacramento, Califórnia — portanto, a quase 2 mil quilômetros de distância do ocorrido.
Sua prisão foi realizada em outubro de 2023, quando ele retornou ao Texas e foi surpreendido por um policial enquanto renovava sua carteira de motorista.
O policial o informou que seu nome estava na lista dos procurados por um crime a mão armada, mas não forneceu outros detalhes além da data do crime.
Um álibi que confirmou a presença de Murphy na Califórnia na data do crime foi chamado para testemunhar pela defesa, e o testemunho foi aceito pelo tribunal e pela promotoria.
Poucas horas depois do episódio em que Murphy foi abusado sexualmente, os promotores encarregados de sua acusação retiraram as queixas, e ele foi solto.
Ao conceder entrevista ao The Guardian, Murphy diz que “o que aconteceu foi assustador.
Você se vê tremendo o tempo todo.
Eu só subi na minha cama, fiquei olhando para a parede e rezei para que algo acontecesse e me tirasse de lá”.
Questionada sobre o caso, a Macy’s recusou-se a comentar.
Em uma declaração anterior, a loja disse que usa o reconhecimento facial como uma das várias medidas de segurança adotadas em várias de suas lojas com alta incidência de roubo.
A realidade é que lojas de varejo têm usado cada vez mais sistemas de reconhecimento facial para se proteger de ladrões.
A precisão desse tipo de tecnologia, no entanto, ainda depende de fatores técnicos.
Desde a qualidade do vídeo das câmeras, a iluminação da loja, ou o tamanho do banco de dados de rostos.
Uma incompatibilidade pode resultar em identificações errôneas.
As delegacias de polícia afirmam usar o reconhecimento facial apenas como pistas em uma investigação e que esse tipo de tecnologia pode ajudar a encontrar um suspeito de crime apenas em casos onde outras provas possam ser encontradas.
No processo, é afirmado que a tecnologia, nesta investigação, foi o que levou as autoridades até Murphy, e que a confiança no reconhecimento facial teria influenciado testemunhas e investigadores a acreditarem que ele era o culpado, mesmo que outras provas concretas não fossem apresentadas.
Harvey Murphy é a sexta pessoa a ser acusada de um crime nos EUA devido a um reconhecimento facial equivocado.
A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos proibiu o uso de um software de reconhecimento facial por cinco anos após uma série de problemas com a tecnologia.
Os casos ocorreram em lojas da rede de farmácias Rite Aid, onde clientes, em sua maioria negros, foram acusados injustamente de furtos e outros crimes.
Confira o artigo completo e a análise sobre o caso feita pelo nosso colunista Rodrigo Almeida.
Após erros, o reconhecimento facial é proibido em uma rede de lojas nos EUA
O processo movido por Harvey Murphy
Tecnologia de reconhecimento facial nas lojas para identificar ladrões tem se tornado tendência
Rosto de suspeito recriado com DNA é usado em software de reconhecimento facialApós erros, reconhecimento facial é proibido em uma rede de lojas nos EUAMulher grávida é acusada injustamente por programa de reconhecimento facial
Murphy move uma ação contra a Macy's e a Sunglass Hut, a loja do shopping onde o crime pelo qual ele foi acusado ocorreu;Outras três pessoas envolvidas no caso também estão sendo processadas;O processo alega que foram usadas imagens de baixa qualidade das câmeras de segurança para fazer o reconhecimento facial; Ele pede uma indenização de US$ 10 milhões e diz que o que aconteceu na prisão o deixará com “cicatrizes para o resto da vida”.
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