A Polícia Federal (PF) intensificou suas investigações em um suposto esquema de espionagem ilegal conduzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro. O caso, apelidado de “Abin Paralela”, emergiu como parte da Operação Última Milha e agora envolve nomes de alto perfil, incluindo o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, vereador pelo PL, e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo mesmo partido.
Recentemente, mandados de busca e apreensão foram executados nas residências e nos gabinetes de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e de Ramagem em Brasília. Essas ações estão focadas em desvendar o uso do software espião FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (anteriormente conhecida como Verint). Este programa permitiu o monitoramento clandestino de até 10 mil celulares a cada 12 meses, acessando informações e localização de pessoas pré-determinadas, incluindo servidores públicos, políticos, jornalistas, advogados e juízes.
As investigações apontam que a Abin, sob a liderança de Ramagem, teria criado uma estrutura paralela para monitorar ilegalmente autoridades e outras pessoas, utilizando recursos públicos para fins de espionagem e interferência em investigações federais. A suspeita é que a rede de telefonia brasileira foi invadida diversas vezes por meio desse software.
Além de Ramagem e Carlos Bolsonaro, outros membros da Polícia Federal, incluindo Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, ex-membro da cúpula da PF, foram implicados. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou que as operadoras de celular brasileiras não estavam envolvidas e exigiu a realização de testes adicionais em seus sistemas de proteção.
A Abin, em resposta, declarou que uma sindicância interna foi aberta e que a ferramenta de espionagem foi descontinuada em maio de 2021. A Agência Pública reportou que Carlos Afonso Coelho, um dos principais colaboradores de Ramagem, foi suspenso de suas funções na PF.
Também surgiram alegações de que a Abin produziu dossiês contra figuras do STF, incluindo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além de monitorar o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana.
As investigações continuam, visando esclarecer a extensão total deste esquema de espionagem e as motivações por trás dele. Mandados adicionais de busca e apreensão foram emitidos, e a lista completa das pessoas espionadas ainda está sendo apurada.
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