Kits avançados de phishing usam IA e técnicas para burlar MFA e roubar credenciais em grande escala
12 de Dezembro de 2025

Pesquisadores de cibersegurança identificaram quatro novos kits de phishing — BlackForce, GhostFrame, InboxPrime AI e Spiderman — capazes de facilitar o roubo em larga escala de credenciais.

O BlackForce, detectado pela primeira vez em agosto de 2025, foi criado para roubar credenciais e realizar ataques Man-in-the-Browser (MitB), capturando senhas de uso único (OTPs) para contornar a autenticação multifator (MFA).

Disponível em fóruns do Telegram, o kit é vendido por valores entre €200 e €300.

De acordo com pesquisadores da Zscaler ThreatLabz, Gladis Brinda R e Ashwathi Sasi, o BlackForce já foi usado para se passar por mais de 11 marcas, incluindo Disney, Netflix, DHL e UPS, e continua em desenvolvimento ativo.

A ferramenta incorpora técnicas robustas de evasão, como blocklists que filtram fornecedores de segurança, crawlers e scanners.

Até agosto de 2025, a versão 3 era a mais utilizada, mas as versões 4 e 5 foram lançadas nos meses seguintes.

As páginas de phishing associadas ao BlackForce usam arquivos JavaScript nomeados com “cache busting hashes” (exemplo: "index-[hash].js”), garantindo que o navegador da vítima carregue sempre a versão mais recente do script malicioso, evitando o uso de cópias armazenadas em cache.

O ataque típico começa quando a vítima clica em um link que a direciona para uma página falsa.

Um filtro do lado do servidor bloqueia bots e crawlers, entregando ao usuário uma página que imita um site legítimo.

As credenciais inseridas são capturadas em tempo real e enviadas para um bot no Telegram e para um painel de comando e controle (C2), usando um cliente HTTP chamado Axios.

Quando o invasor tenta usar as credenciais roubadas no site verdadeiro, é disparada uma solicitação de MFA.

Nesse momento, o método MitB exibe uma página falsa para capturar o código MFA inserido pela vítima.

Se fornecido, esse código é coletado, permitindo o acesso não autorizado.

Após o ataque, o usuário é redirecionado para a página inicial legítima, ocultando a invasão.

Outro kit promissor é o GhostFrame, descoberto em setembro de 2025.

Ele utiliza um arquivo HTML aparentemente inofensivo que esconde um iframe malicioso, direcionando sessões para páginas falsas de login com o objetivo de roubar credenciais do Microsoft 365 e do Google.

A estrutura permite a troca rápida do conteúdo de phishing sem alterar a página principal, dificultando a detecção por ferramentas de segurança.

Os ataques com o GhostFrame começam com emails de phishing que simulam contratos comerciais, faturas ou pedidos de redefinição de senha.

O kit conta com técnicas anti-análise e anti-debug para impedir inspeções em ferramentas de desenvolvimento do navegador e gera subdomínios aleatórios a cada acesso, complicando o bloqueio do ataque.

A página externa contém um script carregador que configura o iframe, responde a mensagens e pode alterar elementos visuais, como título, favicon e redirecionamentos do navegador.

Esse arranjo dificulta o bloqueio e garante que o phishing permaneça ativo mesmo se um script falhar.

O InboxPrime AI representa uma nova fase ao combinar phishing com inteligência artificial.

Oferecido por US$ 1.000 em um canal do Telegram com 1.300 membros, o serviço funciona no modelo malware-as-a-service (MaaS), proporcionando licença vitalícia e acesso total ao código-fonte.

Pesquisadores da Abnormal, Callie Baron e Piotr Wojtyla, destacam que o InboxPrime AI simula o comportamento humano no envio de emails, usando até a interface do Gmail para evitar filtros tradicionais.

O kit oferece automação completa, com geração automática de campanhas, interface intuitiva e criação de emails de phishing realistas por meio da IA.

Usuários configuram parâmetros como idioma, tema, setor, extensão e tom, e a IA gera mensagens convincentes com assunto e corpo.

Os emails podem ser salvos como templates reutilizáveis, com suporte a spintax para variações, o que dificulta filtros baseados em assinaturas.

Entre outras funcionalidades do InboxPrime AI estão diagnóstico em tempo real para identificar triggers de spam e sugestões de correção, além da personalização de remetentes com spoofing para cada sessão do Gmail.

Essa industrialização do phishing aumenta drasticamente a escala e o volume das campanhas, ao mesmo tempo em que reduz a necessidade de habilidades manuais, tornando as operações criminosas mais profissionais e eficazes.

O kit Spiderman, por sua vez, foca em bancos europeus e serviços financeiros online, replicando páginas de login de instituições como Blau, CaixaBank, Comdirect, Commerzbank, Deutsche Bank, ING, O2, Volksbank, Klarna e PayPal.

Segundo Daniel Kelley, pesquisador da Varonis, o Spiderman oferece uma plataforma integrada para lançar ataques, capturar credenciais e gerenciar dados roubados em tempo real.

Ao contrário dos demais kits, o Spiderman é comercializado em grupos do Signal, com cerca de 750 membros, e tem como alvo principalmente Alemanha, Áustria, Suíça e Bélgica.

Utiliza técnicas como allowlisting de ISPs, geofencing e filtro de dispositivos para restringir o acesso às páginas de phishing somente às vítimas pretendidas.

O toolkit também captura seed phrases de carteiras de criptomoedas, intercepta OTPs e códigos PhotoTAN, além de solicitar dados de cartão de crédito.

Essa abordagem em múltiplas etapas é especialmente eficaz no cenário bancário europeu, onde credenciais isoladas raramente autorizam transações.

Além desses quatro, há uma tendência de combinações e evolução de kits, como o híbrido Salty-Tycoon 2FA, identificado recentemente pela ANY.RUN.

Esse ataque combina elementos dos kits Salty 2FA e Tycoon 2FA, dificultando a detecção e atribuição, e indica uma evolução que oferece mais flexibilidade e evasão para os criminosos.

A cibersegurança precisa acompanhar essa crescente sofisticação, reforçando mecanismos de defesa e investindo em conscientização para mitigar o impacto dessas ameaças cada vez mais automáticas e refinadas.

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