As quadrilhas de scam no Sudeste Asiático continuam movimentando bilhões de dólares em recursos roubados de vítimas ao redor do mundo.
Em resposta, autoridades dos Estados Unidos planejam cortar o acesso desses criminosos à internet, emitindo mandados de apreensão para terminais de internet via satélite Starlink, que fornecem conectividade essencial para essas operações ilegais.
Dois mandados judiciais americanos, acompanhados de declarações sob juramento obtidas pela WIRED, detalham o uso dessas plataformas Starlink por cibercriminosos que operam bases de scam em Mianmar.
Um dos mandados, emitido na última quarta-feira pelo juiz magistrado G.
Michael Harvey, autoriza a apreensão de nove terminais Starlink e duas contas associadas a operações criminosas em Payathonzu, próximo ao posto fronteiriço Three Pagodas Pass, entre Mianmar e Tailândia.
O documento elaborado por investigadores do FBI afirma que os dispositivos e as contas Starlink tiveram um “papel substancial” em um esquema de lavagem de dinheiro e fraude eletrônica que teve como alvo cidadãos americanos.
A petição sugere que a SpaceX, empresa controladora do Starlink, “desative o serviço” para esses dispositivos.
Além disso, os investigadores identificaram ao menos 26 antenas Starlink instaladas nos telhados de edifícios que formam um dos centros de scam na região do Three Pagodas Pass.
O segundo mandado, assinado na última segunda-feira pelo juiz magistrado Matthew J.
Sharbaugh, embora focado na apreensão de sites usados para golpes, também aponta a presença de pelo menos 79 antenas Starlink nos telhados do infame complexo Tai Chang, em Mianmar.
Esse local, segundo autoridades americanas, é controlado pelo Exército Benevolente Democrático Karen (Democratic Karen Benevolent Army), grupo armado sancionado pelos EUA nesta semana.
Ambos os mandados fazem referência a uma investigação da WIRED publicada no início deste ano, que revelou o uso do Starlink como principal meio de acesso à internet para essas quadrilhas em Mianmar.
O serviço Starlink, de alta velocidade, é operado pela SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, e está disponível em mais de 150 países.
Essa ação integra a iniciativa “District of Columbia Scam Center Strike Force”, esforço conjunto do Departamento de Justiça, FBI e Serviço Secreto dos EUA, lançado na última quarta-feira.
O objetivo é combater golpes envolvendo criptomoedas que visam cidadãos americanos, especialmente fraudes originadas em uma rede sistematizada de scams que floresceu em diversos países do Sudeste Asiático e frequentemente está relacionada ao crime organizado chinês.
A “Strike Force” já está em operação e, segundo o Departamento de Justiça, recuperou aproximadamente US$ 400 milhões em criptomoedas roubadas em esquemas fraudulentos.
Jeanine Pirro, procuradora dos EUA para o Distrito de Columbia, afirmou em entrevista coletiva que o governo não permitirá que o crime organizado chinês continue a explorar e esvaziar os investimentos legítimos dos americanos.
“Apreendemos sites usados por esses complexos no Sudeste Asiático para vitimar cidadãos americanos.
Também estamos buscando mandados para apreender terminais e contas de satélite usados pelos criminosos para se conectar à internet”, reforçou a procuradora.
Publicidade
Tenha acesso aos melhores hackers éticos do mercado através de um serviço personalizado, especializado e adaptado para o seu negócio. Qualidade, confiança e especialidade em segurança ofensiva de quem já protegeu centenas de empresas. Saiba mais...