Nas últimas semanas, depoimentos em vídeo de centenas de brasileiros que estavam "vendendo a íris" para um serviço estrangeiro viralizaram nas redes sociais.
A iniciativa teve início em novembro de 2024, mas só ganhou destaque agora, no início de 2025.
Surgiram, então, várias dúvidas: quem está coletando as íris dos brasileiros e por quê? Será que aqueles que "vendem" suas íris realmente receberão algo em troca?
Para esclarecer essas e outras questões, o TecMundo conversou com Rodrigo Tozzi, COO da Tools for Humanity no Brasil, empresa responsável pelo Orb, um dispositivo de captura de dados biométricos oculares.
Em 17 de janeiro, antes da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) decidir, em 24 de janeiro, pela suspensão da "oferta de criptomoedas ou de qualquer outra compensação financeira" pela coleta das íris dos brasileiros, a Tools for Humanity já afirmava que não estava "comprando" os dados dos brasileiros.
"Não existe um pagamento real.
O protocolo World não adquire nenhum dado de brasileiros.
Não há transação comercial", argumenta Tozzi.
A Tools for Humanity, fundada nos Estados Unidos e com sede também na Alemanha, chamou a atenção por ter como um de seus fundadores Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT.
A empresa, que tenta diferençar humanos de robôs na internet com o World App, já registrou as íris de mais de 400 mil brasileiros em São Paulo.
Os usuários que completam o registro podem optar por receber tokens, ativos digitais cujo valor varia.
Entretanto, seu valor total é pago de forma parcelada, e a entrega destes tokens é uma das maiores polêmicas da iniciativa.
Tanto World quanto Tools for Humanity enfatizam que não há uma troca financeira no processo de "registro de humanidade".
Segundo eles, os tokens são uma forma de distribuir a propriedade do protocolo World entre os usuários.
Quanto à segurança e privacidade, houve preocupações suficientes para levar a Alemanha e a Espanha a proibirem temporariamente a coleta das íris.
A biometria da íris, sendo um marcador único, traz preocupações significativas sobre privacidade e segurança de dados.
Depois de uma investigação, a ANPD proibiu a oferta de compensações por parte da World e Tools for Humanity, argumentando que isso poderia prejudicar a liberdade de consentimento dos titulares dos dados.
Assim, diante da nova regulamentação da ANPD, a Tools for Humanity comunicou que está trabalhando para atender às demandas dentro do prazo e espera colaborar para resolver a questão.
Esse é um exemplo claro da complexidade e dos desafios enfrentados no campo da cibersegurança hoje em dia, principalmente quando inovações tecnológicas invadem a privacidade pessoal em troca de promessas futuras de compensação financeira ou tecnológica.
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