Interceptação de satélites, inclusive militares, expõe segurança crítica
15 de Outubro de 2025

Pesquisadores das universidades da Califórnia em San Diego e de Maryland, nos Estados Unidos, demonstraram que é possível interceptar e decodificar dados transmitidos por satélites não criptografados utilizando um equipamento acessível, que custou aproximadamente US$ 800 (cerca de R$ 4,4 mil).

Durante o estudo, que durou três anos e foi detalhado em reportagem da Wired, os especialistas capturaram transmissões que incluíam chamadas telefônicas, mensagens de texto, dados corporativos e informações sensíveis relacionadas à segurança e à infraestrutura crítica.

Entre os alvos estavam plataformas marítimas de gás e óleo, usinas elétricas, além de dados militares e das forças de segurança dos Estados Unidos e do México.

A interceptação foi realizada a partir de uma antena instalada no telhado de um prédio em San Diego, direcionada para diversos satélites.

Por não utilizarem criptografia, os sinais retransmitidos para a Terra puderam ser monitorados e decodificados graças ao intenso trabalho dos pesquisadores, que dedicaram centenas de horas para entender e interpretar os dados.

Um aspecto importante foi identificado nas comunicações provenientes de torres móveis em áreas remotas, isoladas do restante da rede e que dependem exclusivamente de satélites para repassar sinais até antenas via fibra óptica.

Nesses casos, os pesquisadores captaram apenas um dos lados das chamadas e mensagens.

Após o contato com a operadora T-Mobile, responsável por grande parte dessas transmissões, a empresa iniciou a criptografia desses dados para aumentar a segurança.

Além da T-Mobile, os pesquisadores conseguiram interceptar dados de outras operadoras e também capturar informações relacionadas à navegação Wi-Fi em aviões comerciais.

Entre as transmissões mais preocupantes, além das plataformas industriais já mencionadas, estavam e-mails corporativos e registros internos de grandes empresas, como o Walmart no México, e comunicações com caixas eletrônicos de bancos como Santander México, Banjercito e Banorte.

Embora alarmante, a vulnerabilidade não é novidade para agências como a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), que já alertava, em documento de 2022, sobre a ausência de criptografia nas transmissões por satélite.

Diante disso, os pesquisadores sugerem que serviços de inteligência de países como Estados Unidos, Rússia e China exploram essas brechas há anos.

A solução passa, inevitavelmente, pela adoção da criptografia nas transmissões por satélite, responsabilizando empresas e instituições que utilizam essas redes para proteger seus dados.

Conforme relata Aaron Schulman, professor da Universidade da Califórnia em San Diego e líder do estudo, “enquanto trabalhamos para corrigir essas falhas de segurança, nos sentimos seguros com as medidas que estamos tomando”.

Este trabalho reforça a importância de fortalecer a segurança das comunicações em um mundo cada vez mais conectado e alerta para a necessidade de medidas imediatas para evitar o vazamento de informações sensíveis.

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