O fluxo financeiro de criptomoeda que rumou para endereços ilícitos em 2023 foi aproximadamente dois quintos menor do que no ano anterior, com organizações e jurisdições sancionadas sendo responsáveis pela maioria das atividades ilegais, segundo a Chainalysis.
A empresa de análise de blockchain rastreia fundos roubados em ataques de criptomoedas e dinheiro enviado para endereços identificados como ilícitos, mas não fluxos ligados à lavagem de dinheiro ou “crimes cripto não nativos”, como tráfico de drogas.
A Chainalysis expôs em um teaser do seu relatório de crimes com criptomoedas de 2024 que US$ 24,2 bilhões foram recebidos por endereços ilícitos em 2023, o que corresponde a uma queda de 39% em relação aos US$ 39,6 bilhões registrados em 2022.
Entretanto, ela ressalta que o fluxo financeiro de 2023 pode crescer à medida que mais endereços ilegais são encontrados e adicionados à sua contabilidade histórica.
Por exemplo, o valor inicial para 2022 era de US$ 20,6 bilhões, mas subiu para US$ 39,6 bilhões, majoritariamente devido a US$ 8,7 bilhões resultantes de reclamações de credores contra a exchange de criptomoedas FTX, dominada por fraudes.
A Chainalysis revelou que organizações e jurisdições sancionadas contabilizaram mais de três quintos — US$ 14,9 bilhões — do valor registrado em 2023, principalmente entidades russas após a invasão da Ucrânia pelo país.
A Rússia também continua a acolher um grande número de suspeitos de ransomware e empresas associadas, como a agência de criptomoedas Garantex, baseada em Moscou, sancionada pelos Estados Unidos no ano passado, suspeita de auxiliar terroristas associados ao Hamas a lavar dinheiro.
“Os mercados de ransomware e da darknet… são duas das formas mais destacadas de crime cripto que tiveram sua receita aumentada em 2023, contrastando com as tendências gerais”, afirmou a Chainalysis.
“O crescimento da receita com ransomware é decepcionante após quedas acentuadas registradas no ano passado e sugere que talvez os operadores de ransomware tenham se ajustado às melhorias de segurança cibernética das organizações, uma tendência que relatamos pela primeira vez no começo deste ano.”
Em outros lugares, as receitas ilícitas vinculadas a fraudes criptográficas (-29,2%) e hackers (-54,3%) caíram ano a ano em 2023.
Apesar disso, a Chainalysis pondera que os golpes têm diminuído anualmente desde 2021, mesmo considerando a subnotificação.
“Acreditamos que isso está alinhado com a tendência de que a fraude tem mais sucesso quando os mercados estão em alta, exuberância é alta e as pessoas sentem que estão perdendo uma oportunidade de ficarem ricas rapidamente”, destaca o relatório.
A empresa de análise de blockchain enfatiza que o “hackeamento” de criptomoeda é mais difícil de esconder para os criminosos, portanto, os números são mais propensos a refletir de forma precisa o mercado clandestino.
“A tendência de queda em 2023 aparentemente se deve em grande parte a uma queda significativa nos ataques às redes de decentralizadas (DeFi)”, adicionou a Chainalysis.
“Essa queda pode representar a reversão de uma tendência perturbadora de longo prazo e pode significar que os protocolos DeFi estão aprimorando suas práticas de segurança.
Dito isso, as métricas de fundos roubados são fortemente impulsionadas por valores discrepantes e um grande hack pode reverter novamente a tendência”, disse a empresa.
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