Falhas de segurança expõem mais de 1 bilhão de usuários de App chinês
24 de Abril de 2024

Vulnerabilidades de segurança foram descobertas em aplicativos de teclado pinyin baseados na nuvem, que podem ser exploradas para revelar as digitações dos usuários a atores nefastos.

As descobertas são do Citizen Lab, que identificou fraquezas em oito de nove apps de fornecedores como Baidu, Honor, iFlytek, OPPO, Samsung, Tencent, Vivo e Xiaomi.

O único fornecedor cujo aplicativo de teclado não apresentou falhas de segurança foi o da Huawei.

As vulnerabilidades poderiam ser exploradas para "revelar completamente o conteúdo das digitações dos usuários em trânsito", disseram os pesquisadores Jeffrey Knockel, Mona Wang e Zoë Reichert.

O comunicado se baseia em pesquisas anteriores do laboratório interdisciplinar, sediado na Universidade de Toronto, que identificou falhas criptográficas no Método de Entrada Sogou da Tencent em agosto último.

Estima-se coletivamente que perto de um bilhão de usuários sejam afetados por essa classe de vulnerabilidades, com os Editores de Método de Entrada (IMEs) da Sogou, Baidu e iFlytek representando uma grande parte do market share.

Segue um resumo dos problemas identificados:

- Tencent QQ Pinyin, que é vulnerável a um ataque de oráculo de preenchimento CBC que poderia possibilitar a recuperação do texto em claro;
- Baidu IME, que permite a interceptadores de rede decifrar transmissões de rede e extrair o texto digitado no Windows devido a um bug no protocolo de criptografia BAIDUv3.1;
- iFlytek IME, cujo aplicativo Android permite a interceptadores de rede recuperar o texto em claro de transmissões de rede insuficientemente criptografadas;
- Teclado Samsung no Android, que transmite dados de digitação via HTTP simples, sem criptografia;
- Xiaomi, que vem pré-instalado com aplicativos de teclado da Baidu, iFlytek e Sogou (e, portanto, suscetível às mesmas falhas mencionadas acima);
- OPPO, que vem pré-instalado com aplicativos de teclado da Baidu e Sogou (e, portanto, suscetível às mesmas falhas mencionadas acima);
- Vivo, que vem pré-instalado com o IME da Sogou (e, portanto, suscetível à mesma falha mencionada acima);
- Honor, que vem pré-instalado com o IME da Baidu (e, portanto, suscetível à mesma falha mencionada acima).

A exploração bem-sucedida dessas vulnerabilidades poderia permitir que adversários decifrassem completamente as digitações dos usuários móveis chineses de forma totalmente passiva, sem enviar nenhum tráfego de rede adicional.

Após a divulgação responsável, todos os desenvolvedores de aplicativos de teclado, com exceção de Honor e Tencent (QQ Pinyin), abordaram as questões até 1º de abril de 2024.

Aconselha-se aos usuários manter seus aplicativos e sistemas operacionais atualizados e trocar para um aplicativo de teclado que opere inteiramente no dispositivo para mitigar essas questões de privacidade.

Outras recomendações pedem aos desenvolvedores de aplicativos que usem protocolos de criptografia padrão e bem testados, em vez de desenvolver versões caseiras que possam ter problemas de segurança.

Operadores de lojas de aplicativos também foram instados a não bloquear geograficamente atualizações de segurança e permitir que desenvolvedores atestem que todos os dados sendo transmitidos estejam criptografados.

O Citizen Lab teorizou que é possível que desenvolvedores de aplicativos chineses estejam menos inclinados a usar padrões criptográficos "ocidentais" devido a preocupações de que possam conter backdoors próprios, levando-os a desenvolver cifras internas.

"Dado o escopo dessas vulnerabilidades, a sensibilidade do que os usuários digitam em seus dispositivos, a facilidade com que essas vulnerabilidades podem ter sido descobertas, e que os Five Eyes já exploraram vulnerabilidades semelhantes em aplicativos chineses para vigilância, é possível que as digitações desses usuários também tenham estado sob vigilância em massa", disseram os pesquisadores.

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