Empresa de marketing afirma ouvir conversas para direcionar anúncios
18 de Dezembro de 2023

Uma equipe da empresa de marketing Cox Media Group (CMG) afirmou ter a capacidade técnica para ouvir conversas de consumidores através de microfones em smartphones, smart TVs e outros aparelhos.

Porém, a companhia não apresentou evidências que comprovem essa habilidade.

A situação foi revelada pelo site 404 Media, que teve acesso aos materiais de venda da empresa e uma apresentação de um representante.

No LinkedIn, outro vendedor sugeriu aos interessados na tecnologia que entrassem em contato.

Por enquanto, ainda não está claro se a CMG realmente oferece um produto com essa habilidade técnica ou se ela está apenas se aproveitando de uma antiga suspeita (até agora sem uma comprovação definitiva) para atrair clientes com pouco conhecimento na área.

CMG não fornece detalhes sobre como ouve conversas

A CMG anuncia seu produto como capaz de "direcionar propaganda especificamente para as pessoas que você procura".

Isso seria feito com base nas conversas cotidianas.

A empresa cita frases como "Você viu o mofo no teto?" e "Precisamos pensar seriamente em planejar nossa aposentadoria" como gatilhos para identificar os alvos de propaganda.

No entanto, ela não explica como faz isso - se é usando um aplicativo ou oferecendo um kit de desenvolvimento, por exemplo.

Também não informa se a tecnologia que ela afirma possuir já está funcionando.

O material de vendas declara que é uma "técnica de marketing pronta para o futuro.

A CMG também afirma que a coleta seria legal, uma vez que os usuários dão consentimento ao aceitar termos e condições para baixar atualizações ou aplicativos.

A empresa não comentou o assunto quando contatada pela 404 Media.

A suspeita é antiga, mas nenhuma evidência definitiva foi encontrada

A desconfiança de que smartphones e outros aparelhos inteligentes escutam nossas conversas é antiga e deixa muitas pessoas desconfiadas.

Empresas como Apple e Meta negaram esse tipo de prática, e os céticos dizem que seria impossível processar grandes quantidades de áudio sem que o usuário perceba, uma vez que isso causaria impacto no consumo de dados ou na bateria.

A maior parte dessa suspeita vem de histórias anedóticas de pessoas que viram anúncios de um produto na internet após falarem do mesmo assunto em uma conversa pessoal.

Isso, no entanto, pode ser explicado pela grande quantidade de dados que as empresas têm sobre nós: cookies, histórico de pesquisas, interações em redes sociais, informações sobre nossos dispositivos, geolocalização e muito mais.

Com tanta informação, não seria necessário gravar conversas para adivinhar do que estamos falando.

Mesmo assim, alguns casos já chamaram atenção.

O aplicativo oficial do campeonato espanhol, por exemplo, usava geolocalização e o microfone do celular para identificar transmissões ilegais dos jogos do torneio.

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