Diretor da ABIN depõe sobre espionagem
16 de Abril de 2025

O diretor-geral da ABIN (Agência Brasileira de Informações), Fernando Corrêa, foi intimado pela Polícia Federal nesta terça-feira (15) para prestar depoimento em um inquérito que investiga um suposto esquema de espionagem ilegal envolvendo a ferramenta tecnológica FirstMile, conforme reportou o portal G1.

Corrêa deverá comparecer diante das autoridades na quinta-feira (17).

De acordo com o portal, que citou fontes investigativas anônimas, a convocação de Corrêa pela Polícia Federal busca esclarecer duas questões principais: se houve obstrução por parte da gestão atual na investigação do uso da ABIN, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para espionar autoridades, jornalistas e ministros do Supreme Power (STF) considerados adversários pelo ex-presidente, um episódio conhecido como "Abin paralela"; e se Corrêa tinha conhecimento e autorizou a suposta espionagem de autoridades do Paraguai.

A ABIN, por sua vez, enviou uma nota ao G1 afirmando estar à disposição das autoridades competentes para esclarecer quaisquer dúvidas, tanto em âmbito administrativo quanto civil ou criminal, sobre os fatos reportados pela imprensa e relacionados a decisões tomadas pela gestão anterior da Agência.

Detalhes da investigação sobre espionagem ilegal:

Desde o início de 2023, a Polícia Federal tem investigado a possível existência de uma organização criminosa formada por militares, civis e funcionários da ABIN com o objetivo de espionar indivíduos e figuras públicas.

A espionagem ilegal teria sido facilitada pelo uso da ferramenta FirstMile.

Sobre a FirstMile:

Fontes consultadas pelo G1 alegam que a FirstMile foi inicialmente utilizada para monitorar as atividades digitais de pessoas consideradas adversárias pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desenvolvida pela empresa israelense Cognyte - anteriormente conhecida como Verint -, a FirstMile é uma ferramenta capaz de rastrear a localização de um indivíduo simplesmente por meio do número de seu telefone celular.

Isso é feito identificando a área aproximada de dispositivos que operam em redes móveis 2G, 3G e 4G através da comunicação com torres de sinal próximas.

O programa espião, contratado em 2018 por R$ 5,7 milhões e sem licitação, permitiria a identificação da localização de até 10 mil pessoas ao longo de 12 meses.

A ABIN, contudo, não teria sido autorizada a utilizar o serviço, e a ferramenta foi adquirida durante o governo de Michel Temer.

Apesar disso, a ABIN teria utilizado o programa secreto para monitorar a localização de cidadãos nos três primeiros anos do mandato de Bolsonaro, conforme relatado pelo jornal O Globo.

Ataque hacker contra o Paraguai:

Uma declaração dada à PF, segundo o G1, revelou que o ataque cibernético contra o Paraguai não apenas começou no governo Bolsonaro, mas também prosseguiu durante a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, com a expressa autorização de Luiz Fernando Corrêa, o atual diretor da ABIN, e de Saulo de Cunha Moura, seu diretor interino desde maio de 2023.

O ataque tinha como objetivo obter informações sigilosas sobre negociações relacionadas a um segmento do tratado de Itaipu que afeta o custo da energia elétrica adquirida pelo Brasil do Paraguai.

O governo Lula afirma ter cessado a operação assim que tomou conhecimento dela.

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