O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) está desenvolvendo uma nova plataforma móvel de vigilância que integra inteligência artificial, radar, câmeras de alta potência e redes sem fio em um único sistema.
A informação foi obtida a partir de registros federais de contratos analisados pela revista WIRED.
O sistema será instalado em veículos 4x4 capazes de alcançar áreas remotas e se transformar em torres de observação autônomas e móveis, ampliando significativamente o alcance da vigilância nas fronteiras para além dos pontos fixos atuais.
A proposta, chamada Modular Mobile Surveillance System (M2S2), tornou-se pública na última sexta-feira, quando a Alfândega e Proteção da Fronteira dos EUA divulgou discretamente um aviso preliminar de solicitação.
O anúncio incluiu documentos técnicos preliminares, requisitos de dados e objetivos de design.
Até o momento, o DHS não se pronunciou sobre o assunto.
Se o M2S2 funcionar conforme o esperado, agentes da patrulha de fronteira poderão estacionar os veículos, elevar um mastro telescópico e, em poucos minutos, detectar movimentos a vários quilômetros de distância.
O sistema usará intensamente a chamada computer vision, ramo da inteligência artificial que permite às máquinas interpretar dados visuais quadro a quadro para identificar formas, assinaturas térmicas e padrões de movimento.
Esses algoritmos, antes desenvolvidos para drones militares, são treinados com milhares a milhões de imagens para diferenciar pessoas, animais e veículos.
O desenvolvimento do M2S2 ocorre em meio à intensa campanha do governo Trump contra imigrantes indocumentados em todo o país.
Essa iniciativa, que gerou protestos massivos e críticas pelas táticas duras empregadas pelas autoridades de imigração, contou com um aumento significativo no orçamento discricionário do DHS, que chegou a cerca de US$ 65 bilhões.
O “One Big Beautiful Bill”, aprovado pelo Congresso, destina mais de US$ 160 bilhões para medidas de imigração e controle de fronteiras, com a maior parte dos recursos voltada para o DHS, distribuídos ao longo de vários anos.
A administração propôs um aumento de aproximadamente 65% no financiamento do órgão, planejando a maior expansão da história da agência para fortalecer o controle de fronteiras, a capacidade de detenção e as iniciativas de vigilância.
Segundo os documentos analisados pela WIRED, o sistema será capaz de localizar objetos com precisão de até 75 metros, com a meta ambiciosa de reduzir esse erro para cerca de 15 metros.
Os dados serão transmitidos por meio do TAK, uma plataforma tática de mapeamento desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA para que as tropas coordenem movimentos e evitem fogo amigo.
O DHS prevê duas modalidades de operação: uma com agentes presentes no local e outra com os veículos praticamente autônomos.
No segundo modo, a IA embarcada realizará a vigilância e notificará operadores remotos sempre que detectar atividades suspeitas.
Todas as missões serão registradas desde o início até o fim, com vídeos, mapas e dados dos sensores armazenados por, no mínimo, 15 dias, protegidos contra exclusão “sob quaisquer circunstâncias”.
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