Um relatório da SaferNet, ONG que atua na área de segurança digital, trouxe à tona uma descoberta alarmante: aproximadamente 1,25 milhão de usuários do Telegram participam de grupos dedicados à compra e venda de pornografia infantil, com uma parcela significativa desses indivíduos sendo brasileiros.
O documento que detalha o mapeamento dos crimes sexuais contra crianças na internet foi apresentado na última quarta-feira (23) ao Ministério Público Federal (MPF).
Conduzido pela SaferNet, o estudo intitulado "Em suas próprias palavras: Como o Telegram tem sido utilizado no Brasil como plataforma de comércio eletrônico por criminosos sexuais”, baseou-se na análise de 874 links do aplicativo de mensagens denunciados à organização por utilizadores no primeiro semestre do ano corrente.
A pesquisa identificou 41 comunidades envolvendo trocas de conteúdo explicitamente ilegal que inclui crianças, abrangendo a distribuição e a comercialização de imagens de nudez, atos sexuais e pornografia infantil.
No total, o número de participantes desses grupos alcançou a marca de 1,25 milhão de usuários.
Mesmo considerando a presença de perfis duplicados e bots, a cifra permanece alarmante.
Um dos grupos possuía 200 mil usuários.
A investigação também revelou que 149 dos links analisados (representando 17% do total) permaneciam ativos entre julho e setembro deste ano, sem enfrentar qualquer restrição por parte do Telegram.
Desses, 66 nunca haviam sido objeto de denúncia.
O relatório ainda destacou a expressiva participação de brasileiros nesses espaços.
Isso se evidencia pelo fato de que os criminosos se comunicam utilizando códigos, dos quais quase metade compreende palavras em português, superando inclusive termos em inglês ou espanhol.
Em agosto, Pavel Durov, fundador do Telegram e de origem russa, foi detido na França sob acusações que incluem a omissão em combater crimes praticados através da plataforma.
Ele responde aos 12 crimes em liberdade.
A companhia enfrenta também investigações na Índia, onde um relatório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime indicou que o mensageiro facilita a atuação do crime organizado no Sudeste Asiático, e que a criptografia do aplicativo complica a detecção de criminosos pelas autoridades.
O relatório sublinha que a presença de pornografia infantil no Telegram não é um acontecimento aleatório, visto que o app de mensagens possui características que facilitam a prática criminosa:
- A falta de canais eficientes para denúncias, moderação de conteúdo e ferramentas de detecção contribui para esse cenário;
- Outra questão problemática é o meio pelo qual os pagamentos são realizados.
As transações são efetuadas com o uso de criptomoedas, o que torna a identificação dos usuários mais difícil.
O Telegram defende que não realiza o processamento direto de pagamentos por transações dessa natureza.
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