Crimes cibernéticos aumentaram 7% no Brasil
25 de Julho de 2023

Os crimes cibernéticos aumentaram 7% no Brasil ao longo do segundo trimestre deste ano.

O nosso país teve um aumento compatível com a média global de ameaças, que foi de 8%, e uma taxa de 1,6 mil golpes sofridos por empresas todas as semanas, demonstrando o interesse contínuo dos criminosos pelas corporações brasileiras.

Porém, houve uma diminuição no fluxo de golpes contra organizações brasileiras, com o Brasil aparecendo abaixo de vizinhos da América Latina.

A Argentina, por exemplo, teve um aumento de 18% no número de ataques semanais registrados, enquanto Chile e Colômbia tiveram os maiores aumentos, de 27% e 28% respectivamente, acima até mesmo de alvos comuns do cibercrime, como os Estados Unidos, onde esse total cresceu 16%.

Os dados são da Check Point Research, uma divisão de inteligência de ameaças da empresa de cibersegurança, que colocou o setor de educação e pesquisa como o mais atingido globalmente.

Além disso, o relatório destacou os números de ransomware, que, apesar de terem diminuído 12% na América Latina, ainda afetam uma a cada 44 empresas em todo o mundo a cada semana.

A pesquisa mostra uma diminuição no impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia no cenário de ameaças digitais, após mais de um ano de tensões geopolíticas afetando empresas de países aliados a ambos os lados do conflito.

No entanto, o que os especialistas chamam de uma volta à "normalidade" acompanha o uso de novas táticas cibercriminosas que incluem inteligência artificial e redes de malware ligadas a aplicativos disponíveis na loja oficial do sistema operacional Android.

Portanto, a Check Point afirma que não é hora de relaxar na proteção digital, com a média de 1,2 mil ataques sofridos por organizações em todo o mundo, sendo o maior número registrado pela empresa nos últimos dois anos.

Entre os demais setores afetados estão governos, saúde e empresas de comunicação, com os dois últimos apresentando um aumento de 30% e 19%, respectivamente.

Uma das principais mudanças no perfil global do cibercrime pode ser vista nos ataques de sequestro digital, que continuam sendo uma das principais ameaças globais apesar da tendência de queda.

A ideia dos especialistas é que os ataques em queda indiquem uma seleção mais criteriosa de alvos pelos criminosos, em vez de uma disseminação em massa de golpes contra qualquer tipo de organização disponível.

Isso se reflete na diminuição do total de ataques na América Latina, já mencionado como 12%, e também na África, com uma redução de 30%, embora o Brasil continue sendo um dos principais alvos.

Por outro lado, territórios como Europa, América do Norte e Ásia-Pacífico continuam tendo um aumento considerável no fluxo de ransomware, com aumentos que variam de 15% a 29%.

Enquanto isso, outros dados ajudam a contar essa história.

Os números da empresa de cibersegurança Coveware mostram que houve uma redução significativa no número de ataques de ransomware que resultaram em pagamentos, com apenas 34% dos golpes bem-sucedidos levando a transferências para as contas dos criminosos.

De acordo com os especialistas, isso é um reflexo do aumento do investimento em segurança e, especialmente, medidas de resiliência e recuperação pelas empresas ao redor do mundo.

No entanto, a Coveware aponta um aumento na habilidade destrutiva dos criminosos e também na sua capacidade de extorsão, o que acaba aumentando os custos para as empresas e potencializando a probabilidade de obterem pagamentos.

A prova disso são os números da Chainalysis, que monitora criptomoedas.

Segundo a organização, o lucro atual dos grupos de ransomware em todo o mundo já ultrapassa a marca dos US$ 449,1 milhões, ou cerca de R$ 2,1 bilhões, quase o total registrado pelos pesquisadores em todo o ano de 2022, mas alcançado apenas no primeiro semestre deste ano.

Caso essa tendência continue, a expectativa é que 2023 seja o segundo ano com maior lucro para os criminosos de ransomware, com uma estimativa de US$ 898,6 milhões em resgates pagos até dezembro.

Esse total seria apenas menor que o de 2021, quando as mudanças geradas pela pandemia na forma de trabalho criaram brechas na segurança corporativa que levaram a quase US$ 1 bilhão em pagamentos para os criminosos cibernéticos.

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