Com fim do compartilhamento, criminosos começam a vender "contas-pirata" da Netflix
26 de Maio de 2023

Antes vista como uma possível solução para o problema da pirataria, a Netflix agora pode estar sofrendo com esse problema nas mãos de cibercriminosos.

Desde que o serviço de streaming anunciou que passaria a restringir o compartilhamento de contas entre usuários de residências diferentes, o fluxo de venda de perfis fraudados ou "contas piratas" na plataforma deep web aumentou.

Em fóruns dedicados ao cibercrime e grupos no Telegram, o acesso é vendido por valores que começam em R$ 10.

O foco está nos principais mercados em que a Netflix atua e onde o fim do compartilhamento será mais sentido; contas americanas e indianas aparecem no alerta divulgado pela Check Point Software, especializada em segurança digital.

A promessa é de acesso completo a perfis Premium, que entregam resolução 4K HDR e permitem acesso em até quatro telas simultaneamente, a partir de 190 rúpias indianas, um valor equivalente a R$ 11,50.

O total está abaixo até mesmo do preço extra cobrado no Brasil pela Netflix para contas compartilhadas, que é de R$ 12,90.

Assinaturas trimestrais ou anuais também são oferecidas por preços mais em conta pela fidelidade, enquanto os criminosos prometem suporte completo, com a substituição da conta em caso de bloqueio.

O pagamento é feito por meio do PayPal e outros aplicativos de transferência de dinheiro, enquanto os bandidos alegam já ter anos de "serviços prestados".

Uma conta pirata nada mais é do que o acesso de uma pessoa pagante que, por uma razão ou outra, teve seus dados roubados.

Segundo a Check Point, o segredo para valores tão baixos é a utilização dessas contas furtadas, a partir de senhas vazadas ou ataques envolvendo vírus que roubam credenciais dos PCs ou smartphones dos usuários.

A tendência, afirmam os especialistas em segurança, é que a busca por esse tipo de acesso indevido apenas aumente agora que a Netflix vai fechar o cerco sobre os perfis compartilhados.

"Os cibercriminosos geralmente exploram as necessidades e desejos dos usuários, alinhando seus ataques com as tendências atuais", explica Fernando de Falchi, gerente de engenharia de segurança da Check Point Software Brasil.

Por isso, é recomendável ficar alerta nessa nova etapa de atuação da plataforma de streaming e tomar medidas preventivas para garantir o uso legítimo.

Sendo assim, o momento é ideal para proteger o perfil na Netflix, seja limitando o compartilhamento de senhas apenas com pessoas da mesma residência e realizando a troca das credenciais caso elas tenham sido compartilhadas.

A palavra-chave usada no serviço também não deve ser a mesma de outras plataformas compartilhadas, pois tendo acesso a uma, terceiros também podem assumir o controle das outras.

De acordo com o alerta da Check Point, também é importante checar acessos indevidos e prestar atenção a indícios de atividades suspeitas, como a reprodução de conteúdo incomum ou o surgimento de novos perfis de usuário.

Caso isso aconteça, o ideal é trocar senhas e fazer uma verificação de segurança, para garantir que não existem mais comprometimentos.

"Como em qualquer outro domínio, é importante lembrar que, se uma oferta parece boa demais para ser verdade, provavelmente é uma oferta falsa ou fraudulenta", conclui de Falchi.

No relatório da Check Point, já aparecem relatos de usuários que adquiriram o acesso irregular à Netflix, mas ficaram sem as contas adquiridas apenas semanas depois de acertarem o pagamento.

Não há garantia alguma de que os cibercriminosos cumprirão o prometido, enquanto a compra de perfis na deep web ou em grupos suspeitos acaba financiando o crime e motivando ataques contra outros usuários.

"Reduzir a demanda é uma maneira eficaz de combater as vendas ilegítimas e interromper os fluxos de receita desses serviços ilegais".

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