Com o crescimento exponencial do uso de modelos de linguagem para alimentar ferramentas de inteligência artificial generativa, o CEO e cofundador da Cloudflare, Matthew Prince, revelou durante o evento Big Interview, promovido pela WIRED em São Francisco, que a empresa já bloqueou mais de 400 bilhões de requisições de bots de IA para seus clientes desde 1º de julho de 2024.
Essa medida faz parte da iniciativa lançada pela Cloudflare em julho, chamada Content Independence Day, que envolve grandes editoras e empresas de IA.
O objetivo é impedir, por padrão, que crawlers de IA acessem conteúdos produzidos por terceiros, a menos que essas empresas paguem pelo acesso.
Desde julho de 2024, a Cloudflare oferece aos seus clientes ferramentas para bloquear bots de IA que tentam coletar (scrape) seus conteúdos.
Até o momento, a empresa informou à WIRED o bloqueio de 416 bilhões de requisições de bots de IA desde 1º de julho de 2024.
Durante o Big Interview, uma das séries de entrevistas mais renomadas da WIRED, Prince comentou que o modelo tradicional da internet sempre foi baseado na criação de conteúdo para atrair tráfego a sites, com o objetivo de vender produtos, assinaturas ou veicular anúncios.
“O que muita gente não percebe é que a IA representa uma mudança de plataforma”, afirmou.
“O modelo de negócio da internet está prestes a mudar drasticamente.
Ainda não sei para qual direção, mas é nisso que quase todas as minhas horas de reflexão se concentram.”
A Cloudflare é reconhecida por oferecer soluções que tornam o acesso a conteúdos online mais rápido e seguro.
Porém, com a expansão da indústria de IA e o surgimento de grandes players, Prince destacou que a prioridade agora é usar a posição da empresa para evitar a concentração de poder e proteger a internet como um ambiente equitativo, onde negócios e criadores, independentemente do porte, possam prosperar.
“Precisamos garantir que empresas grandes e pequenas floresçam em condições justas.
Esse é o futuro pelo qual estamos lutando.
É o melhor para o nosso negócio, porque isso significa mais clientes para nós, mais internet para proteger”, explicou.
Um ponto de preocupação especial levantado por Prince é a política adotada pelo Google em relação aos seus crawlers de busca e de IA.
Como um dos principais atores no setor de IA, o Google unificou esses crawlers em um único mecanismo.
Isso faz com que bloquear o scraper de IA acabe também bloqueando a indexação do site nas buscas do Google, colocando os criadores de conteúdo numa situação delicada.
Eles querem evitar que seus conteúdos sejam usados para treinar modelos de IA, mas, ao mesmo tempo, precisam aparecer nos resultados de busca para que o público encontre seu material.
“Você não pode optar por bloquear um sem bloquear o outro, e isso é um grande problema — é absurdo”, comentou Prince.
“Não deveria ser possível usar um monopólio do passado para garantir uma posição dominante no mercado de amanhã.”
Essa declaração reforça um debate crescente sobre o papel das grandes plataformas na regulação do acesso e uso dos dados na era da inteligência artificial, especialmente quando se trata de proteger os interesses de criadores e pequenos negócios.
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