Após 25 anos dedicados à defesa dos direitos digitais, Cindy Cohn anunciou na última terça-feira que deixará o cargo de diretora executiva da Electronic Frontier Foundation (EFF).
Cohn, que liderava a organização sediada em San Francisco desde 2015, anunciou sua saída para o final deste ano, encerrando uma fase importante na luta moderna pela liberdade na internet.
Cohn ganhou destaque inicialmente como advogada principal no caso Bernstein vs.
Department of Justice, nos anos 1990, que derrubou restrições federais à publicação de código de criptografia.
Como diretora jurídica e, depois, diretora executiva da EFF, ela conduziu a organização por uma série de desafios legais, enfrentando a vigilância governamental, promovendo reformas nas leis de crimes cibernéticos e buscando responsabilizar empresas pela coleta de dados.
Ao longo da última década, a EFF ampliou seu alcance e se tornou uma influência central no debate sobre privacidade, segurança e liberdade digital.
Em entrevista à revista WIRED, Cohn refletiu sobre as conquistas fundamentais da EFF, principalmente nas batalhas em defesa da criptografia, além das disputas ainda em andamento contra a vigilância da NSA (National Security Agency) e os esforços para proteger pesquisadores independentes de segurança da informação.
Ela falou ainda sobre a mudança no equilíbrio de poder entre governos e corporações, a pressão por leis estaduais mais rigorosas de privacidade e os crescentes riscos trazidos pela inteligência artificial.
Embora deixe a liderança da EFF, Cohn afirmou à WIRED que continuará ativa na luta contra a vigilância em massa e o sigilo governamental.
Autodenominando-se “mais guerreira do que gestora”, ela pretende voltar ao ativismo de base.
Além disso, está trabalhando em seu próximo livro, Privacy’s Defender, previsto para ser lançado na próxima primavera norte-americana, que busca inspirar uma nova geração de defensores dos direitos digitais.
A seguir, trechos editados da entrevista para maior clareza:
WIRED: Conte sobre as batalhas que vocês venceram e aquelas que ainda estão por terminar após 25 anos.
CINDY COHN: A luta inicial para libertar a criptografia das regulamentações governamentais foi decisiva para criar as bases de uma internet potencialmente segura.
Ainda estamos trabalhando para transformar essa promessa em realidade, mas certamente estaríamos em um cenário muito pior se tivéssemos perdido essa batalha.
A criptografia protege qualquer pessoa que faz compras online, quem usa Signal para denunciar irregularidades ou jornalistas, e até mesmo o indivíduo que busca privacidade utilizando WhatsApp ou Signal.
Até mesmo as autoridades certificadoras nos bastidores, como a Let’s Encrypt – que garantem que, quando você acessa seu banco, está realmente no site correto, só são possíveis graças à criptografia.
Tudo isso estaria ameaçado caso não tivéssemos vencido essa luta.
Acredito que essa vitória foi fundamental, apesar de ainda termos batalhas pela frente.
Quanto às disputas envolvendo a NSA e as questões de segurança nacional, elas ainda estão em andamento.
Não tivemos sucesso em nosso grande desafio contra a vigilância da NSA no caso Jewel vs.
NSA, mas, ao longo dos anos e das batalhas legislativas paralelas, conseguimos reverter parte das práticas invasivas que a NSA adotou após o 11 de setembro.
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