O ChatGPT está expondo CPFs de personalidades brasileiras através de consultas simples.
Investigações feitas pelo Tecnoblog comprovaram que o problema ainda não foi resolvido nesta sexta-feira (21/02), possibilitando o acesso aos CPFs do presidente do Brasil, do vice-presidente e do prefeito de São Paulo, por exemplo.
Especialistas estão divididos quanto a uma possível infração da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), enquanto a OpenAI prometeu que irá remediar a falha.
O ChatGPT está revelando números de CPF de figuras públicas com base em perguntas simples.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o robô de inteligência artificial disponibiliza o número do documento quando este se encontra acessível na internet, como em processos judiciais, notas fiscais ou registros de empresas.
Em reação ao reporte, a OpenAI expressou gratidão e informou que está ativamente desenvolvendo uma correção.
“Nós treinamos os modelos que operam o ChatGPT para rejeitarem pedidos por identificadores governamentais, ainda que tais informações estejam publicamente disponíveis online”, disse a companhia à Folha.
É válido mencionar que, em alguns casos, esses dados também podem ser encontrados no Google.
Entretanto, nem sempre estão tão facilmente acessíveis, podendo requerer, por vezes, a navegação por arquivos PDF de processos judiciais, por exemplo.
O problema ainda não foi corrigido!
Em testes conduzidos pelo Tecnoblog nesta sexta-feira (21/02), um dia após a publicação da Folha, o chatbot ainda estava divulgando tais informações quando questionado.
Ocorre que pode ser necessário algum tempo, pois, em certos momentos, o bot recusa a solicitação, mas é viável conseguir o CPF de personalidades públicas após algumas tentativas.
Conseguiu-se, por exemplo, acessar o CPF do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do vice-presidente Geraldo Alckmin; do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro; e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
A Folha também mencionou ser possível obter o CPF de outras figuras públicas.
Em nossos experimentos, foi possível adquirir o número do documento de alguns empresários.
Ao ser questionado sobre apresentadores de TV, o ChatGPT informou que não poderia revelar esses dados.
Contudo, em um caso interessante, o bot forneceu o CPF de uma pessoa com o mesmo nome, obtido a partir de um documento do Banco Central.
Em determinados momentos, o ChatGPT alerta que a utilização indevida dessas informações é ilegal.
“Destacamos que a utilização indevida de dados pessoais sem consentimento pode constituir ato ilegal e estar sujeita a sanções.
Portanto, é essencial respeitar a privacidade e a proteção de dados pessoais de todos”, redigiu a IA logo após fornecer um CPF.
A exposição de CPF viola a LGPD?
Os juristas consultados pela Folha apresentam opiniões distintas sobre uma possível violação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Apesar da LGPD visar a proteção da privacidade, alguns argumentam que a legislação brasileira permite a acessibilidade de dados em documentos processuais e de administração pública, por exemplo, que são justamente as fontes usadas pelo ChatGPT para divulgar o CPF de políticos e empresários.
Essa questão deve se tornar mais clara em breve.
O Supremo Tribunal Federal (STF) avaliará um caso envolvendo o site Escavador e uma parte de um processo trabalhista.
Essa pessoa alega que a plataforma expôs seus dados.
Esta decisão será de repercussão geral, o que significa que o entendimento dos ministros do STF será aplicado em outras instâncias judiciais.
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