Chatbots impulsionam propaganda russa sancionada online
6 de Novembro de 2025

Um novo relatório revela que os principais chatbots de inteligência artificial, como o ChatGPT da OpenAI, o Gemini do Google, o DeepSeek e o Grok da xAI, estão disseminando propaganda estatal russa de entidades sancionadas.

Essas respostas incluem citações de mídias estatais russas, sites ligados à inteligência russa e narrativas pró-Kremlin ao serem questionados sobre a guerra na Ucrânia.

Pesquisadores do Institute of Strategic Dialogue (ISD) apontam que a desinformação russa tem explorado “data voids” — espaços em que buscas por dados em tempo real retornam poucas informações de fontes legítimas — para impulsionar informações falsas e enganosas.

Segundo o estudo, quase um quinto das respostas dos quatro chatbots analisados citavam fontes atribuídas ao governo russo.

Pablo Maristany de las Casas, analista do ISD e líder da pesquisa, destaca que “isso levanta questões sobre como os chatbots devem lidar com essas fontes, especialmente considerando que muitas delas são sancionadas na União Europeia”.

A preocupação aumenta diante da popularização dos chatbots como alternativa aos mecanismos tradicionais de busca para a obtenção de informações em tempo real.

Dados da OpenAI indicam que, até 30 de setembro de 2023, o ChatGPT registrava cerca de 120,4 milhões de usuários ativos mensais na UE.

No experimento realizado em julho, os pesquisadores fizeram 300 perguntas neutras, tendenciosas e “maliciosas” sobre temas como a percepção da OTAN, negociações de paz, recrutamento militar na Ucrânia, refugiados ucranianos e crimes de guerra cometidos na invasão russa.

As perguntas foram feitas em inglês, espanhol, francês, alemão e italiano, utilizando contas separadas para cada idioma.

Maristany de las Casas afirma que, mesmo em outubro, essas questões de propaganda ainda persistem.

Desde a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a UE sancionou pelo menos 27 veículos de mídia russos por propagarem desinformação e distorções, como parte da estratégia de “desestabilização” da Europa e de outros países.

Segundo o ISD, os chatbots citaram veículos como Sputnik Globe, Sputnik China, RT (antiga Russia Today), EADaily, Strategic Culture Foundation e R-FBI.

Também foram mencionadas redes de desinformação, além de jornalistas e influenciadores russos que reforçam narrativas do Kremlin.

Pesquisas anteriores identificaram que 10 dos chatbots mais populares reproduziam narrativas alinhadas à propaganda russa.

Em nota à revista WIRED, a porta-voz da OpenAI, Kate Waters, afirma que a empresa toma medidas para “impedir que o ChatGPT seja usado para disseminar informações falsas ou enganosas, incluindo conteúdo vinculado a agentes apoiados por estados”.

Ela reconhece que esses são problemas antigos, que a companhia busca resolver por meio de melhorias constantes em seus modelos e plataformas.

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