Por anos, agentes da Customs and Border Protection (CBP) coletaram silenciosamente amostras de DNA de cidadãos americanos, incluindo menores de idade, enviando esses dados para o banco de dados criminal do FBI, conforme revelam documentos governamentais.
Essa ampliação da vigilância genética nunca foi autorizada pelo Congresso para cidadãos, crianças ou detentos civis.
De acordo com informações recém-divulgadas pelo governo e analisadas pelo Center on Privacy & Technology da Georgetown Law, o Departamento de Segurança Interna (DHS), responsável pela CBP, coletou o DNA de quase 2 mil cidadãos dos EUA entre 2020 e 2024, encaminhando essas informações para o CODIS, sistema nacional do FBI usado em investigações policiais.
Entre os casos, cerca de 95 envolveram menores, alguns com apenas 14 anos.
Além disso, os registros incluem viajantes que nunca foram acusados de crimes e dezenas de ocorrências em que o campo “acusações” foi deixado em branco.
Em outras situações, agentes justificaram a coleta com penalidades civis, mesmo que a legislação federal restrinja esse procedimento a prisões criminais.
Especialistas afirmam que esses dados indicam um programa que opera fora dos limites legais e sem supervisão adequada.
Agentes da CBP têm exercido ampla discricionariedade para coletar material genético de cidadãos americanos e encaminhá-lo a uma base de dados policial destinada, em parte, a criminosos condenados.
Críticos alertam que qualquer pessoa inserida nesse banco pode sofrer vigilância intensificada por parte das autoridades americanas ao longo da vida.
“Essas planilhas contam uma história assustadora”, afirma Stevie Glaberson, diretor de pesquisa e advocacy do Center on Privacy & Technology da Georgetown, em entrevista à WIRED.
“Elas mostram que o DNA foi coletado de pessoas de 4 a 93 anos — e, como nosso novo estudo revelou, expõem a flagrante violação da lei pela CBP ao coletar DNA de cidadãos sem justificativa.”
O DHS não respondeu ao pedido de comentário.
Há mais de duas décadas, o Combined DNA Index System (CODIS) do FBI é apresentado como uma ferramenta voltada a investigações de crimes violentos.
No entanto, com recentes mudanças nas políticas e a agenda migratória da administração Trump, o sistema passou a funcionar como um repositório amplo para material genético coletado muito além do âmbito da justiça criminal.
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