Apple elimina apps contra ICE, mas desenvolvedores resistem
22 de Outubro de 2025

O desenvolvedor responsável pelo Eyes Up, um dos diversos aplicativos relacionados ao Immigration and Customs Enforcement (ICE) removidos pela Apple nos últimos dias, participava na noite de quarta-feira de uma reunião local de planejamento para o protesto nacional “No Kings”, marcado para este mês.

Quando a WIRED conseguiu contatá-lo por telefone, ele pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome, Mark, por questões de segurança.

“A administração age movida por ressentimentos”, afirma.

“E não hesita em fazer isso com frequência.” Ele sabe do que fala.

O app criado por Mark funciona como uma plataforma para armazenar vídeos e outros registros que documentam a atuação do ICE — e não foi o único a ser retirado da App Store.

Também em outubro, o ICEBlock foi um dos primeiros aplicativos desse tipo a serem removidos pela Apple.

A decisão veio após declarações da procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que alegou que essas ferramentas colocam em risco os agentes do ICE.

Além do Eyes Up e do ICEBlock, a Apple também eliminou outros apps de monitoramento, como Red Dot e DEICER.

Assim como Mark, Joshua Aaron, desenvolvedor do ICEBlock, está determinado a reverter a proibição na loja da Apple.

“Embora eu não possa entrar em detalhes neste momento, posso garantir que o ICEBlock conta com uma equipe jurídica muito forte e faremos tudo ao nosso alcance para combater essa decisão”, disse Aaron à WIRED.

A Apple não respondeu aos pedidos de comentário da reportagem.

Sobre o Eyes Up, Mark revelou que já recorreu da decisão da empresa para retirar o app da loja duas vezes.

“Vou apelar toda vez que rejeitarem, até que o aplicativo volte para a App Store”, afirma.

“O que eles estão fazendo é pura covardia. Não vou desistir de enfrentar a Apple.”

A proibição fez com que Mark intensificasse o trabalho de divulgação do Eyes Up, promovendo mais ações comunitárias para informar as pessoas sobre o app e incentivando a publicação de encontros com agentes do ICE que tenham sido registrados publicamente.

Vale lembrar que o Eyes Up ainda está disponível no Google Play e no próprio site do projeto.

Outro exemplo dessa categoria é o DEICER, inicialmente criado por Rafael Concepcion, ex-professor da Universidade de Syracuse.

Ele idealizou o app como um “direitos app”, ao qual foi adicionada uma funcionalidade para mapear a localização do ICE como forma de aumentar a responsabilização dos agentes.

Rafael se inspira no músico Peter Gabriel e na organização WITNESS, pioneira na documentação de violações de direitos humanos desde os anos 1990.

Embora tenha sido retirado da App Store da Apple, o DEICER continua disponível no Google Play e em seu site.

Apesar de a Apple não ter comentado publicamente os motivos para remover esses apps de monitoramento do ICE, o site Migrant Insider informou esta semana que, no caso do DEICER para iOS, a empresa justificou a exclusão com base em uma diretriz de desenvolvedor que proíbe conteúdo “difamatório, discriminatório ou mal-intencionado” direcionado a grupos com base em “religião, raça, orientação sexual, gênero, origem nacional/étnica ou outros grupos-alvo”.

Já o Google, que também retirou apps de monitoramento do ICE recentemente, disse ao site 404 Media na semana passada que considera os agentes do ICE um grupo vulnerável dentro de suas políticas.

Publicidade

Contrate hackers éticos para seu time

A Solyd Hunter encontra, valida e entrega os melhores profissionais de Cibersegurança, Red Team, AppSec e Pentest para sua empresa com garantia e agilidade. Clique aqui e contrate com segurança. Saiba mais...