A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a Receita Federal confirmaram que a importação e venda do Flipper Zero, um gadget muito usado por especialistas da área de segurança cibernética, está proibida no Brasil.
Um dos argumentos da agência é que o dispositivo pode ser usado por criminosos para lesar vítimas.
A decisão, no entanto, não foi bem recebida pelos profissionais.
Consumidores relataram nas redes sociais que já compraram o dispositivo em sites estrangeiros, mas não receberam a encomenda.
Alguns ameaçam processar a Anatel caso a entrega seja impedida, informa o portal Tilt.
Sem homologação da Anatel, a venda do aparelho está proibida no território nacional.
Nos EUA, por exemplo, o Flipper é vendido legalmente no varejo na faixa dos US$ 200, cerca de R$ 1.050 sem impostos.
Já no e-commerce nacional, o mesmo gadget sai por quase o triplo do preço.
O Flipper foi criado em 2020 e chegou ao mercado graças a uma campanha de financiamento coletivo.
O aparelho foi projetado para otimizar testes de penetração em sistemas (o “pentesting“) e identificar brechas de segurança em redes.
Para isso, o Flipper pode “conversar” com outros eletrônicos usando diversos sinais de radiofrequência: por NFC, infravermelho e Bluetooth, por exemplo.
O gadget também pode abrir fechaduras eletrônicas, clonar crachás e também permite fazer cópias de dados de controle remoto de portões eletrônicos, chaves de carro, entre outros.
Compacto, o aparelho cabe na palma da mão e pode emitir e identificar sinais de radiofrequência em curta distância.
Em nota, a Anatel disse que cópias feitas sem consentimento por terceiros podem gerar prejuízos significativos para o consumidor, outro motivo para a proibição.
Como se trata de um aparelho “open source” (de código aberto), o Flipper também pode ser aprimorado por colaboradores (incluindo quem deseja usar o aparelho para cometer crimes).
Nos últimos meses, vídeos do “aparelhinho” viralizaram no TikTok.
Usuários da rede social alegam que conseguiram invadir sistemas eletrônicos e até acender faróis de carros usando o dispositivo, o que ainda não foi validado por especialistas.
Alguns dizem que a proibição abrirá brechas para a venda clandestina do Flipper Zero no país.
Hiago Kin, presidente da Associação Brasileira de Segurança Cibernética, disse ao Tilt que a justificativa da Anatel não convence, já que os sistemas eletrônicos citados antes podem ser explorados de outras formas.
No fim, a Anatel afirma que a decisão tem respaldo em um regulamento interno que prevê o bloqueio da homologação e venda de produtos que podem ser utilizados para “fins ilícitos”.
Até o momento, já foram realizadas mais de 340 apreensões, informa a agência.
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